domingo, 26 de dezembro de 2010

Amplexo


Eu não estava disposta a acordar cedo e comparecer àquela cerimônia, mas algo me expulsou da cama e me fez caminhar até lá.

Chegamos ao mesmo tempo e ele estava abraçando minha mãe, mas não me cumprimentou...
Fiquei lá e cerca de 20 minutos depois ele retornou e com ele veio a lembrança do dia em que nos conhecemos, pois estávamos no mesmo local onde tudo começou, onde nossos olhares se cruzaram e esse sentimento teve início.
Ao fim da cerimônia ele me cumprimentou, me deu um abraço tão acolhedor, quente e aconchegante... E nele eu me entreguei, me deixei sentir e levar por aquele momento que eu esperava há alguns meses.
Procurei transmitir pelos meus braços e peito aquilo que estava transbordando aqui dentro: o amor, o carinho, a saudade, a vontade de tê-lo por perto novamente e eternamente. Senti que não fui a única a transmitir tais sentimentos, aqueles braços ao me envolver diziam que sentiam falta de ter-me em meio a eles novamente... E ele me apertou, e eu retribui!
Pode ser que tenha sido apenas um abraço sem maiores pretensões, um gesto de carinho pelo que vivemos. Talvez não seja nada disso, talvez de tanto acreditar que ele ainda tenha algum sentimento por mim, eles acabaram sendo incutidos naquele ato, e eu, de fato, acreditei e naquele instante voei... Voei com ele, como costumava ser.. só nós dois e o nosso mundo!
E eu quero de volta, apesar de dizer que não nasci pra ter relacionamentos, que não quero casar. Com ele tudo muda, tudo é sublime, tudo sou eu, tudo é ele e tudo somos nós... nós...
E no lugar onde nos conhecemos, onde nosso sentimento nasceu, renasceu a esperança de tê-lo novamente!
Ele com seus amplexos e ósculos e sua totalidade!
Eu o quero... Eu o amo!





Amplexo (voz)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ferida

Existem erros que cometemos que mesmo sendo perdoados pelas "vítimas" deles, não conseguimos perdoar-nos.
É muito difícil ver que você se transformou em algo que até então você tinha repulsa, que você condenava brutalmente.
E foi isso que aconteceu e está acontecendo... eu parei para olhar o que tenho feito, com quem e para quem tenho feito, e então eu vi... vi e me assustei!
Como eu pude me tornar isso? Como? Onde começou a sucessão de erros que vem acontecendo há aproximadamente um ano?
Estou tentando ser mais altruísta, abandonando a idéia de que o universo gira em torno de mim, de que só eu tenho sentimentos, de que todos devem ficar se preocupando somente comigo e nada mais...
Ela me fez ver isso e despertou em mim a vontade de mudar. Ou melhor, meu erro com ela desencadeou tudo isso.
É algo imperdoável para mim, existem pessoas que acham exagero, mas eu não me perdôo e nem sei se um dia conseguirei me absolver de tal ato (nem se ela me absolverá).
O mais doloroso não é o ato em si, mas a conseqüência dele, a perda...
Jamais poderia ter errado com ela... jamais.
Só eu sei a falta que ela me faz, o quanto ela é necessária na minha vida, o quanto me dói não conversar com ela e o quanto dói conversar... a cada conversa é como se voltássemos à primeira logo depois do ato e eu desmorono, a dor se exterioriza, o sal corrompe a ferida que não cicatriza e espero que isso não ocorra para que quando eu olhá-la eu veja o quanto eu a mereço...
Doeu. Dói. Doerá!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Eu sou Ofélia...

à Simone Braghin


"Eu sou Ofélia.
Aquela que o rio não conservou
A mulher na forca
A mulher com as veias abertas
A mulher com overdose
SOBRE OS LÁBIOS DE NEVE
A mulher com a cabeça no fogão a gás.
Ontem deixei de me matar.
Estou só com meus seios,
minhas coxas,
meu ventre.
Destruí os instrumentos do meu cativeiro
a cadeira
a mesa
a cama.
Destruo o campo de batalha que foi meu lar.
Escancaro as portas para que o vento possa entrar e o grito do mundo.
Despedaço a janela.
Com as mãos sangrando rasgo as fotografias dos homens que amei e que se serviram de mim sobre a cama
a mesa,
sobre a cadeira
sobre o chão.
Toco fogo na minha prisão.
Atiro minhas roupas ao fogo.
Exumo do meu peito o relógio que era meu coração.
Vou para a rua vestida em meu sangue."


(Ofélia em Hamlet-Machine, de Heiner Müller)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Partindo :'(

E se meu coração parasse agora, não faria diferença... Tudo já parou!
Eu parei e não vejo motivos para insistir nessa jornada na qual tudo está errado!
Não há motivos para persistir nas feridas, tanto nas minhas quanto na dos outros!
Não há motivos... nem vontade!

Monstro

Alguém a capture e a coloque em uma redoma, não por ser ela uma santa, mas por ser alguém nocivo,
Alguém que precisa estar sob observação para que não fira ninguém,
Alguém que necessita de limites muito bem estabelecidos,
Alguém que precisa aprender a ser gente e a conviver com gente.
Mas por que não matá-la de uma vez já que é tão perigosa?
Simplesmente por ser isso o que ela mais anseia, a morte.
Não devemos satisfazê-la, devemos castigá-la,
Fazer com que ela sinta toda a dor que causou,
Que ela beba todas as lágrimas que caíram por sua causa
E que todo esse sal a faça secar aos poucos, lentamente,
Para que ela sofra de forma intensa.
O que ela tem feito de tão errado para merecer tal fim?
Ela se tornou o ser mais desprezível,
mais frio e calculista,
dissimulado e egoísta.
Não pode-se nem ao menos compará-la a um animal, pois este ainda tem sentimentos...
Ela não os tem, é seca, vazia...
O que ela tem?
Nada.
O que ela merece?
Nada...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Amor!

Tantas pessoas foram aqui citadas e até então eles não haviam aparecido, uma falha quase imperdoável, mas estou aqui para me retratar.
Ela é o primeiro amor da minha vida, aquele que não escolhi, mas fui escolhida, querida e esperada.
Ela é aquela que mesmo de longe me protege, me acolhe como ainda estivesse dentro dela, quentinha e somente dela.
Ela é a que mais me dá bronca, que desconfia (talvez por medo, essas coisas de instinto materno que eu não entendo), que orienta, que é meu espelho.
Ela é aquela guerreira que leva uma família nas costas, o que não é fácil se tratando de mim, da Wi e do Bob (na verdade mais por mim mesma).
Eu sei que sou uma filha ausente, mas isso não diminui os meus sentimentos por ela e a gratidão.
Se sou o que sou é porque ela me conduziu, me guiou, me incentivou a crescer e a saber me cuidar, me responsabilizar por meus atos, ela me ensinou a maior lição que se pode aprender, ela me ensinou a ser humana.
Estava lembrando de quando ela me ensinava nas lições,
de quando ela me levava para escola,
de quando eu ia para o trabalho com ela e dormia na gaveta (tá, isso eu não lembro pois era muito pequena, mas ela me contou),
lembro de quando eu tinha um forninho e adorava fazer bolo e ela me ajudava...
Ela me ensinou a ser mulher e além de mulher, independente.
Ela é doce, mãezona mesmo e não só minha e da Wi, ela agrega a nossa família vários outros filhos que a admiram pelo que ela mais sabe ser: MÃE!


Meu outro eterno amor é ele, meu pai...
Me considero uma cópia dele em alguns aspectos, não tanto no físico pois sou a cara da minha mãe, mas pelos gostos e alguns traços de personalidade.
Ele ouvia bastante música, algo que eu não vivo sem,.
Ele lia bastante... não posso dizer que leio muito, mas me esforço.
Fiquei sabendo que ele dançava samba rock e ia ao Baile do Carmo... samba rock é a minha paixão e já comecei a frequentar o Baile do Carmo para seguir seus passos.
Adoro tudo o que é mais caro, assim como ele adorava e gastava muito dinheiro à toa hahaha
Ele faz falta... fico horas pensando nele, relembrando as idas ao supermercado e a liberdade pra eu comprar o que quisesse (acho que minha mãe não gostava quando íamos apenas os dois fazer compras), as vezes que eu ia ao banco e furava fila porque ele estava no caixa. Lembro do banco de trás do carro com um lençol e ele me levando pra escola...
Eu lembro dele... eu ainda o amo e acredito agora que o amor atravessa os limites entre a vida e a morte.


Como falar da minha pequena que é maior que eu?
Ela veio pra tirar meu posto de filha única e eu senti ciúme no começo, mas agora acho muito bom ter alguém pra dividir as broncas.
Tá, não é só por isso que eu a amo...
Ela é linda, inteligente e engraçada! Quem me dera ser do jeito que ela é com a idade que ela tem.
Dou graças à Deus por ela não ser igual a essas meninas de hoje em dia, essa meninas vazias, fúteis, aculturadas!
Ela lê, ela ouve música de qualidade, ela se informa, ela raciocina de verdade, ela é responsável, ela sabe se vestir (não sai na rua semi nua), ela sabe falar, ela saber ser alguém de verdade.
Ela é uma espécie de segunda mãe, quer saber onde vou, com quem vou e que horas pretendo voltar.
Resumindo: ela é demais!


Os três são a base da minha vida, são minha estrutura, meu espelho...
São eles o mais puro amor que tenho!

domingo, 28 de novembro de 2010

Ele e aquela cor = sentimentos e sensações

ao meu professor de forró e aluno de samba-rock

Eu me lembro da primeira vez que o vi,
Eu lembro o que senti:
Eu assustei, não por mal,
Mas porque nunca o tinha visto ali.
Ele também se assustou,
Afinal,
Nosso encontro foi uma surpresa que o destino nos reservou.
Ele tem aquela cor que desperta em mim o desejo, o pecado...
A cor daquela iguaria que tanto me agrada o paladar e olfato.
A cor certa pra me provocar,
A cor que eu ficaria horas a exaltar,
A admirar, à minha contrastar.
A proximidade àquela iguaria não se resume ao tom da pele,
Mas se estende ao tom de sua voz,
Ao seu jeito de ser e de tratar-me...
Tão doce, tão suave, tão único...
Tão dele!
Ele é dono de um sabor diferente, inesquecível,
Suave, doce, indescritível!
Seus traços, tanto físicos como morais, os diferencia dos demais,
Ele não é como esses meros mortais
Que vivem em uma esfera de ares banais,
Ele me transmite ares celestiais
Nos seus silêncios sepulcrais.
Ele me inspira de forma dual:
Tanto para o bem, quanto para o mal,
Tanto para o sublime, quanto para o carnal.
Ele desperta o melhor de mim,
Quando eu já não estava acostumada a ser assim.
Já não estava acostumada a sonhar, a idealizar,
A única coisa que sabia era me frustrar.
Não estava acostumada com tanto cavalheirismo,
Com tanta formalidade,
Tanta sinceridade,
Há tempos não tinha nada disso.
Não havia sonho,
Não havia esperança,
Não havia respeito.
Agora há ele...
Ele, aquela cor, o sabor e a nossa dança!

Para ler ao som de "Da cor do pecado" - Luciana Melo (segundo ele, essa música foi escrita para ele)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Chuva...

E naquele dia eu e Deus choramos juntos... 
Talvez Ele tenha se compadecido da minha dor e quis se mostrar presente! 
Naquele dia eu lavei minh'alma nas águas divinas,
Naquele dia o céu estava  comigo!

Sentidos... sentidos

Ao olhar naqueles olhos eu vi... ao olhá-los profundamente, fiquei cega e me deixei guiar por eles... E me perdi... eu senti.
Aquela boca me roubou as palavras e o paladar, então não pude expressar o que senti ao tocá-la, nem sentir o que provei após tê-la encontrado.
Aquela pele me dominou o tato, depois de sentí-la nunca mais tive tal sensibilidade. Fui indiferente a qualquer toque, a qualquer possibilidade de arrepio.
Suas palavras ainda ecoam em minha mente, meus ouvidos se fecharam para quaisquer outras que tentassem substituí-las. Me tornei surda diante das pessoas que não eram ele, meu mundo.
E o cheiro... nenhum aroma se compara àquele exalado por ele, ainda mais ao exalado por nós.
Usufrui de tudo até esgotar.
E sofri calada, tão em silêncio que não fui capaz de escutar meus próprios gritos, de sentir a dor pulsando no meu peito apertado, a tristeza nascendo em meus olhos e escorrendo pela face... Eu não vi o meu definhar! Eu não te vi me roubar!
Então pereci... e não senti!

Erva daninha

Estou cansada desse seu altruísmo egocêntrico, dessa sua necessidade de estar no centro das atenções, dando apenas migalhas de si àqueles que "necessitam" de ti.
Estou farta de ouvir sobre seus feitos e seus julgamentos sobre as outras pessoas. Cansei de ouvir o quanto, ao seu ver, elas são idiotas, mesquinhas e falhas;
Esse seu auto-endeusamento me incomoda e aos poucos vai matando a admiração que nasceu logo que nos conhecemos e que cada vez mais fica lá atrás, distante e entregue às moscas.
Cansei de ter que relembrar constantemente o que você se mostrou lá no inicio, para agora conseguir conviver com você baseada em lembranças... triste fato esse...
É triste ter que recorrer ao passado para "suportar" o presente. 
Mais triste ainda é aceitar que apesar disso, desse seu presente que não me agrada (mas me fere), eu ainda insisto em te preservar em mim, erva daninha.

sábado, 20 de novembro de 2010

Início e ...

No que se inicia eu coloco reticências e que seja o que essa nossa grafia quiser!
Que nossa história seja composta por versos livres, que a métrica não nos aprisione.
Também não sejamos adeptos da gramática normativa, esse dinossauro que nos sufoca. Que possamos andar livremente pela sociolinguística, pois o importante é nosso entendimento e não a classificação.
Que sejamos bilíngues, trilíngues, ou até poliglotas, mas que haja em cada língua um dicionário só nosso que agregue nossos significados e significantes.
Que Bakhtin tenha "inventado" mecanismos para a análise dos nossos discursos silenciosos, faciais e corporais;
E que haja gêneros literários suficientes para narrar a história dos nossos silêncios, nossos sorrisos, nossos movimentos e de nossas línguas...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quero dormir com você

Depois do sexo, que não haja outro compromisso,
não quero sair correndo e deixar a impressão de que "é carnal, só isso".
Quero nos teus laços me aconchegar,
do teu ar usufruir
e o teu cheiro em minha pele fixar.
Quero mais que carnalidade:
nos movimentos, sincronia;
caixas de desculpas e desfesas, vazia;
que no sentimento haja reciprocidade;
nos olhares e sussurros, verdade;
nos toques e gemidos, vontade;
na entrega, totalidade,
nada de miséria,
nada pela metade.
Ao fim dessa busca por saciar os corpos,
que seja outro nosso foco,
não há necessidade de mudar de lugar,
é questão de filtrar o ar,
livrá-lo dessa falta de pudor
e contaminá-lo com carinho e amor.
Chegou a hora de sentir internamente,
com a alma,
intensamente,
mas com calma.
De se entender pelo olhar,
sem ter que disfarçar,
sem desviar...
apenas penetrar, desvendar!
Após esse diálogo,
após isso tudo,
não resta nada a dizer...
me abraça forte, quero dormir com você...
somente com você!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desculpe-me

Desculpe-me por ser quem eu sou e ser para você quem não sou para mim.
Por não passar de uma vã idealização, um sonho... um sonho!
Desculpe por corresponder de forma irreal seus reais e profundos sentimentos,
Desculpe por não ser capaz de te querer, de te amar, de te ser....
Desculpe pela caminhada desperdiçada, palavras ao vento, declarações infundadas...
Desculpe-me pelos gélidos carinhos, pelas palavras calientes sem calor real, pela entrega sem devoção, sem paixão... tesão... tensão...
Desculpe-me por brincar, ludibriar de forma fria, calculista, insana... sacana!
Desculpe-me por nossa relação... por essa real ação de desigualdade sentimental!
Desculpe-me por ser quem eu sou e ser para você quem eu não sou pra mim... Desculpe-me pelo nosso fim...
Fim...
Enfim...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Àqueles olhos

Nos teus olhos me perco e me acho,
Nos teus braços diminuo e cresço,
Nessa dualidade enlouqueço
E essa loucura eu disfarço.

É disfarçando que sigo
Nadando nos rios escuros que me envolvem,
Procurando um amor, um amigo
Entre tantas ilusões que se dissolvem.

Ilusões que em mim se constroem
E que no outro se projeta,
Castelos que se destroem
Enquanto a realidade me alerta.

Alerta-me! Diga-me o que há.
Liberta-te e assim me libertará
Desses rios semi negros tire os véus,
Permita-os transbordar até os céus.

Não esconda o que há dentro de ti,
Deixe essa água fluir até o mar,
Não tenha medo de me encontrar,
Não tenha medo de me sentir...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

CANSEI

É duro sorrir com lágrimas rolando na alma,
ter raiva e aparentar calma,
falar que está tudo bem
quando não se quer mais ir além.

Não te restam forças para lutar,
nem vontade de se reerguer.
O que você quer é se entregar,
o que você quer é morrer.

Todos dizem que a vida é bela,
mas cadê essa face dela?
Você conhece a face cruel,
não a doce, mas a de fel.

Você não pertence a nenhum lugar,
mesmo porque você não quer se encaixar, você quer se encontrar.
Mas nada lhe é permitido
e por isso tens sofrido.

Nada te completa,
nada te consola...
É por isso que você interpreta,
por isso você se isola.

E passas transparente
por toda essa gente.
Ninguém te vê,
ninguém te entende,
ninguém te sente.

E cada vez mais você se desfaz,
pois de se reconstruir não é capaz...
Seus sentimentos já não existem,
seus pedaços já não vivem.

E tudo te leva tão longe, tão fundo...
Distante do SEU MUNDO.
E você perde o chão, 
a vida perde a razão.

Você se encontra na contramão,
sem noção de direção.
Não aguentando mais andar
resolve descansar
para nunca mais acordar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Libertinagem... liberdade!

Todos sabem da minha paixão por poesia, até arrisco escrever algumas... Então criei coragem pra postar uma delas!


Lábios castos,
vastos,
por vezes devassos


Braços que se abrigam,
que sufocam,
que provocam,
que intrigam.


Pernas que enlaçam,
que envolvem,
meios que se descobrem,
membros que se encaixam.


Peles que exalam,
que transpiram,
que inspiram,
que se igualam.


Sons que se confundem,
que se fundem,
alguns de quem mente,
outros de quem sente.


Mundos tensos,
densos,
imensos.


Assim fazemos mundos,
às vezes mudos, outras horas agudos,
por vezes graves, mas sempre suaves
e infindáveis...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Infindável...

Como não falei delas antes?
Das minhas 3 mosqueteiras... as mafiosas... aquelas que juntas comigo formam o "quatro divisível por tantas alegrias"... 
Aquelas que não sei ao certo dizer quando entraram na minha vida, mas sei exatamente quando elas sairão: NUNCA!!
Tudo bem que algumas vezes eu cheguei a pensar que nossa amizade estava por um fio,  mas sempre que isso acontece, parece que algo maior nos reúne, seja na casa daquela louca que cozinha melhor que eu, ou daquela patricinha que eu não consigo odiar, ou ainda na casa daquela intelectual  fã de Clarice Lispector... aqui em casa é raridade quando elas aparecem, mas fazer o que se eu tenho que morar longe de todas?
Sendo tão diferentes, me pergunto como é que nos suportamos?
Uma é totalmente louca, fala alto, é do tipo que perde o amigo, mas não a piada, tem a língua mais afiada que qualquer espada de samurai, é desastrada que só ela... o que fascina é sua alma infantil!!! (sem falar suas habilidades na cozinha). Ah! Por falar em cozinha... ela faz algo que eu detesto: ela sempre fala durante a semana que no final de semana fez bolo, esfirra, coxinha, pão de queijo, torta e detalhe: nunca me convida!!! Vou relevar!
A outra, a tal da patricinha, faz acho que tudo que me irrita, se vamos sair ela tem q lavar o cabelo, fazer escova, chapinha, passar maquiagem, colocar um salto e estar impecável!! Não tenho paciência de esperar e mesmo assim sempre a espero! Fora que ela tem preguiça de andar, só vai em baladas de "gente fina" e detesta que gritem o nome dela na rua... e o que eu acho mais engraçado: ela gosta de fumaça de caminhão (estranho, né?).
A intelectual é daquele tipo de pessoa parada... estou quase desistindo de chamá-la pra sair, ela nunca está disposta e agora com a faculdade piorou porque ela tem a desculpa de que tem que estudar!! Disse no começo que não saberia dizer quando elas entraram na minha vida, mas a intelectual eu sei... desde sempre, somos amigas de berço. Ela é até a minha madrinha (de crisma)! Ela é daquelas observadoras, detalhistas, tem uma memória incrível e resposta pra tudo! Das três ela é a mais próxima à mim, mesmo morando em outra cidade... são conversas e mais conversas no celular ou no msn!
Somos quatro amigas inseparáveis apesar da distância e dos rumos que a vida de cada uma tomou... E eu sofri com isso, acho que todas sofremos com o fato de nossas reuniões terem diminuído, com o fato de termos crescido e termos que assumir responsabilidades, o fato da vida nos cobrar um tempo que queríamos nos dedicar e agora não o temos...
Crescemos... não somos mais aquelas meninas que corriam descalço na rua; amarravam uma rede nos portões e jogavam volei o dia inteiro;brincavam de escolinha; montavam balanços em àrvores; cuidavam de bonecas e de lares imaginários; assistiam Chiquititas, aprendiam as músicas e coreografias e dançavam juntas; faziam comida de brinquedo e se deliciavam por horas; guardavam dinheiro para comprar doces; colecionavam revistas; brigavam por motivos insignificantes, mas estavam sempre juntas... 
Agora que somos "adultas" temos que nos preocupar com provas e trabalhos da faculdade; problemas do trabalho; como pagar as contas no fim do mês; três de nós fazem licenciatura, acho que é uma forma de continuar a brincadeira de ensinar; ouvimos outros ritmos e aprendemos outras coreografias, mas nunca nos esqueceremos das Chiquititas e as disputas que fazíamos pelos papéis; aprendemos a cozinhar de verdade (pelo menos eu e a louca desastrada) e nos reunimos só para comer, cada tarde é destinada à alguma comida: pastel, torta de limão, coxinha, bolinha de queijo, bolo de cenoura...; agora guardamos dinheiro para livros, xerox, inscrições em congressos; não brigamos mais, nem isso o tempo nos permite, afinal nem temos tempo de ficar juntas...
Como é chato crescer, mudar, se distanciar... Como é chato enfrentar a vida longe de vocês...
Guardo na lembrança o tempo em que o tempo nos permitia ter tempo...
À elas: Lyka, La e Gi...
Incansavelmente e  imensuravelmente EU AMO VOCÊS...

"...Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor...
E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância..."
Velha Infância - Os Tribalistas

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quando ela entrou... na sala, na minha vida... Quando ela entrou?

Ouvi que alguém batia na porta... fui abrir rezando para não ser ninguém com propósitos não adequados para a hora do almoço.
Era ela... a Preta Rara!
A felicidade dentro de mim era enorme (e ainda é) e eu queria exteriorizar esse sentimento, queria apertá-la no meu abraço, envolvê-la num laço, mas não consegui sequer dar um passo... sua presença ainda me intimida e eu sei o porque disso, mas será que ela sabe? Será que já percebeu?
Ela também se sente um pouco constrangida na minha presença, o que é natural porque nos conhecemos há pouco tempo, ainda não temos aquela liberdade das grandes amizades, mas estamos caminhando para isso... ou melhor, ela está. Não que eu não queira sua amizade, mas será que é só isso que eu quero? Será que é o bastante?
Como falei mais acima, a presença dela me intimida e quem está lendo já deve saber o porque, mas posso ainda assim explicar: ela tem um ar de mistério que incita em mim uma vontade de ser detetive; ela tem uma voz pura e calma que me faz querer ouví-la por horas (as horas que não temos juntas, infelizmente); é dona de uma inteligência afrodisíaca, a qual eu temo não ser capaz de alcançar; tem um sorriso que não consigo nem descrever como é e muito menos o que ele me causa... "Estar" com ela é sinônimo de salvação e perdição!
Não vou falar aqui da minha orientação, ou opção, ou condição sexual... acho que todos já sabem: sou livre! Mas e ela? O que é ela? Hétero? Bissexual? Homossexual?
Que angústia... eu preciso descobrir quem ela é, o que ela quer... Eu preciso descobrí-la! 
Eu quero descobrí-la!
"...Raro, é algo tão difícil de se ter
E foi na luz do teu olhar
que eu vivi o que é sonhar
eu não quero mais viver sozinho...
Pretinha tão rara
O teu jeito é minha cara...